Sunday, 13 March 2011

GIBSON PROJECTOU "A PAIXÃO DE CRISTO" PARA A IRMÃ LÚCIA


Realizador projectou 'A Paixão de Cristo' para a irmã Lúcia

08 Março 2005

Mel Gibson exibiu o seu filme A Paixão de Cristo à irmã Lúcia, quando a visitou pela primeira vez no Carmelo de Coimbra, no ano passado, durante a Quaresma, de acordo com a Catholic News Agency americana.

A projecção surgiu na sequência do pedido de uma jovem portuguesa a um seu conhecido, empregado voluntário da Icon Productions, a produtora de Gibson, para que ele tentasse mexer cordéis na empresa e organizar uma sessão de A Paixão de Cristo no convento onde Lúcia viveu grande parte da sua vida em reclusão.

Após quase 100 mensagens de correio electrónico e vários telefonemas, a projecção foi finalmente organizada, apesar de haver problemas técnicos as freiras do Carmelo de Coimbra têm apenas um pequeno televisor e nenhum auditório, e o filme ainda nem sequer tinha sido editado em DVD ou em vídeo.

Assim, foi improvisada uma sala de projecções no convento, com um ecrã portátil de grandes dimensões e uma coluna de som, entre outros, cujos custos saíram do bolso do próprio Gibson. Esta operação terá custado ao actor e realizador cerca de 20 mil dólares (aproximadamente 18 mil euros).

A projecção foi mantida secreta porque Mel Gibson temia ser acusado pelos media de utilizar a figura da irmã Lúcia para promover o seu filme.

Entre as pessoas que acompanharam Gibson na projecção de A Paixão de Cristo para a irmã Lúcia estava a sua mulher Robin Moore, que é protestante. Gibson é um católico tradicionalista que segue o dissidente monsenhor Lefebvre, tal como grande parte da sua família mais próxima.

Meses mais tarde, em Julho, Gibson regressou a Portugal para ter um encontro particular com a derradeira sobrevivente dos três pastorinhos de Fátima. Já em Setembro de 2003 o realizador de Braveheart havia feito uma visita particular ao Santuário de Fátima, para pedir à Virgem Maria que intercedesse por ele durante as filmagens.

actor. Ainda de acordo com a Catholic News Agency, também o actor Jim Caviezel, que desempenha o papel de Jesus Cristo em A Paixão de Cristo, e professa a fé católica, esteve em Portugal logo após a conclusão do filme, com o fim de o mostrar em "várias instituições religiosas", colher opiniões abalizadas e depois informar Mel Gibson. Caviezel tentou também projectar o filme no Carmelo de Coimbra, mas não conseguiu autorização.


MEL GIBSON VISITOU A IRMÃ LÚCIA

Gibson visitou Irmã Lúcia

O actor e realizador Mel Gibson deslocou-se propositadamente, em Julho último, ao Convento do Carmelo em Coimbra, onde a Irmã Lúcia professa desde 1948, não só para entregar um DVD do seu filme, ‘‘A Paixão de Cristo’‘, como para recolher a opinião da vidente de Fátima sobre a película, que já havia sido visionada pelas freiras.

A visita de Gibson, rodeada da maior discrição, seguiu-se a uma outra realizada a Fátima, em 2003, tendo desta vez o actor-realizador sido acompanhado pela sua mulher, Robyn Moore, e pelo Padre Luís Kondor, vice-postulador da Causa dos Videntes de Fátima, sedeada em Fátima.

A Irmã Celina, prioresa do Carmelo de Coimbra, responsável pelas 18 religiosas que ali seguem uma vida de oração e labor na mais estrita reclusão, confirmou ao CM a visita de Gibson.

“Tivemos a alegria e o prazer de receber o realizador da ‘‘Paixão de Cristo’‘, que quis vir ao nosso Convento para se encontrar com a Comunidade, para pedir orações pela sua família e o seu trabalho, aproveitando a ocasião para nos oferecer um DVD com o seu filme.”

Além da Irmã Lúcia e das carmelitas de Coimbra, só o Papa João Paulo II teve direito a igual tratamento, embora o filme lhe tenha sido entregue pelo actor Jim Caviezel.

PESSOA SIMPLES

Segundo a Irmã Celina, tanto o actor como a mulher mostraram-se pessoas da maior simplicidade. “Ele é muito expressivo e simpático, respondeu a todas as perguntas sobre passagens do filme, algumas feitas pela Irmã Lúcia que, durante quase uma hora, que durou o encontro, se mostrou sempre atenta”. A língua utilizada foi o inglês, o que, como disse a Irmã Celina, “não foi problema, pois várias companheiras o dominam”.

A visita de Mel Gibson ao Carmelo foi preparada com o maior cuidado. “Em Dezembro de 2003, ele encarregou o próprio protagonista do filme [Jim Caviezel], de vir ao Carmelo projectar o filme num ecrã gigante”, acrescentou a Irmã Celina.

‘‘PEDIU AJUDA A NOSSA SENHORA’‘

“Em Setembro de 2003, Mel Gibson veio a Fátima, para pedir a Nossa Senhora que o ajudasse a vencer os obstáculos que tinham surgido com o seu filme, de modo especial as críticas de anti-semitismo, que muito o preocuparam”, revelou entretanto ao CM Carlos Evaristo, muito próximo da família Gibson. “De 7 a 9 de Dezembro do ano passado”, acrescentou, “o actor Jim Caviezel foi enviado por Mel Gibson a Fátima, com o fim de projectar a ‘‘Paixão de Cristo’‘ em sete importantes institutos religiosos e assim poder auscultar a sua opinião sobre o filme”.

‘‘A PAIXÃO’‘ É MARCO DO ANO

Para a crítica, ‘‘A Paixão de Cristo’‘, de Mel Gibson, é um dos marcos culturais de 2004. Segundo o Instituto do Filme Americano, ‘‘A Paixão...’‘ (a par de ‘‘9/11’‘ de Michael Moore) “estilhaçaram as convenções de Hollywood”. O filme, recorde-se, custou ‘‘apenas’‘ 25 milhões de dólares a Gibson, que entretanto já facturou mais de 200 milhões, dos quais prometeu entregar 100 à Igreja Católica. A paixão pela história data de 1992 e, além da realização, Mel Gibson foi ainda responsável pelo argumento e produção.

2004-12-27 14:35:53


 

EVANGELHO DE HOJE: A TRANSFIGURAÇÃO


EVANGELHO – Mt 17,1-9


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo,
Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão
e levou os, em particular, a um alto monte
e transfigurou Se diante deles:
o seu rosto ficou resplandecente como o sol
e as suas vestes tornaram se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus:
«Senhor, como é bom estarmos aqui!
Se quiseres, farei aqui três tendas:
uma para Ti, outra para Moisés a outra para Elias».
Ainda ele falava,
quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra
e da nuvem uma voz dizia:
«Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus toda a minha complacência. Escutai O».
Ao ouvirem estas palavras,
os discípulos caíram de rosto por terra a assustaram se muito.
Então Jesus aproximou se e, tocando os, disse:
«Levantai vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu lhes esta ordem:
«Não conteis a ninguém esta visão,
até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».

AMBIENTE

A secção de Mt 16,21-20,34 é uma catequese sobre o discipulado, como seguimento de Jesus até à cruz. O texto que hoje nos é proposto faz parte dessa catequese.

O relato da transfiguração de Jesus é antecedido do primeiro anúncio da paixão (cf. Mt 16,21-23) e de uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida – cf. Mt 16,24-28). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz” e de terem constatado aquilo que Jesus pede aos que o querem seguir, os discípulos estão desanimados e frustrados, pois a aventura em que apostaram parece encaminhar-se para um rotundo fracasso; eles vêem esfumar-se – nessa cruz que irá ser plantada numa colina de Jerusalém – os seus sonhos de glória, de honras, de triunfos e perguntam-se se vale a pena seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.

É neste contexto que Mateus coloca o episódio da transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos (e para os crentes, em geral), pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Os discípulos recebem, assim, a garantia de que o projecto que Jesus apresenta é um projecto que vem de Deus; e, apesar das suas próprias dúvidas, recebem um complemento de esperança que lhes permite “embarcar” e apostar nesse projecto.

Literariamente, a narração da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de Deus. Portanto, o autor do relato vai colocar no quadro que descreve todos os ingredientes que, no imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (e que encontramos quase sempre presentes nos relatos teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a perturbação daqueles que presenciam o encontro com o divino. Isto quer dizer o seguinte: não estamos diante de um relato fotográfico de acontecimentos, mas de uma catequese (construída de acordo com o imaginário judaico) destinada a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projecto que vem de Deus.

MENSAGEM

Esta página de catequese, destinada a ensinar que Jesus é o Filho de Deus e que o projecto que Ele propõe vem de Deus, está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo Testamento. Que elementos são esses?

O monte situa-nos num contexto de revelação: é sempre num monte que Deus Se revela; e, em especial, é no cimo de um monte que Ele faz uma aliança com o seu Povo.

A mudança do rosto e as vestes de brancura resplandecente recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai (cf. Ex 34,29), depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei.

A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34).

Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus); além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt 18,15-18; Mal 3,22-23).O temor e a perturbação dos discípulos são a reacção lógica de qualquer homem ou mulher diante da manifestação da grandeza, da omnipotência e da majestade de Deus (cf. Ex 19,16; 20,18-21).

As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto.

A mensagem fundamental, amassada com todos estes elementos, pretende dizer quem é Jesus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, o autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: ele é um novo Moisés – isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova aliança.

Da acção libertadora de Jesus, o novo Moisés, irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai percorrer com ele os caminhos da história, conduzindo-o através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.

Esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (esse grupo desanimado e frustrado porque no horizonte próximo do seu líder está a cruz e porque o mestre exige dos discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante). Aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que anunciam a ressurreição – cf. Mt 28,3) e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos” – Mt 17,9): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e, consequentemente, dos discípulos que seguirem Jesus) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.

Uma palavra final para o desejo – manifestado por Pedro – de construir três tendas no cimo do monte, como se pretendesse “assentar arraiais” naquele quadro. O pormenor pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projecto de Deus – esse projecto de construir um novo Povo de Deus e levá-lo da escravidão para a liberdade – tem de passar pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do amor até às últimas consequências.

ACTUALIZAÇÃO

A reflexão pode fazer-se partindo das seguintes questões:

• A questão fundamental expressa no episódio da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projecto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra aos crentes de todas as épocas e lugares que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.

• Na verdade, os homens do nosso tempo têm alguma dificuldade em perceber esta lógica… Para muitos dos nossos irmãos, a vida plena não está no amor levado até às últimas consequências (até ao dom total da vida), mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais, com o seu orgulho, com o seu pequeno mundo privado; não está no serviço simples e humilde em favor dos irmãos (sobretudo dos mais débeis, dos mais marginalizados e dos mais infelizes), mas no assegurar para si próprio uma dose generosa de poder, de influência, de autoridade e de domínio, que dê a sensação de pertencer à categoria dos vencedores; não está numa vida vivida como dom, com humildade e simplicidade, mas numa vida feita um jogo complicado de conquista de honras, de glórias e de êxitos. Na verdade, onde é que está a realização plena do homem? Quem tem razão: Deus, ou os esquemas humanos que hoje dominam o mundo e que nos impõem uma lógica diferente da lógica do Evangelho?

• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; ou então, parece que, seguindo a lógica de Deus, seremos sempre perdedores e fracassados, que nunca integraremos a elite dos senhores do mundo e que nunca chegaremos a conquistar o reconhecimento daqueles que caminham ao nosso lado… A transfiguração de Jesus grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.

• Os três discípulos, testemunhas da transfiguração, parecem não ter muita vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo e os problemas dos homens. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheados da realidade concreta do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar. No entanto, ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens – mesmo contra a corrente – que a realização autêntica está no dom da vida; obriga a atolarmo-nos no mundo, nos seus problemas e dramas, a fim de dar o nosso contributo para o aparecimento de um mundo mais justo e mais feliz. A religião não é um ópio que nos adormece, mas um compromisso com Deus, que se faz compromisso de amor com o mundo e com os homens.