Monday, 10 January 2011

NOTA DA FSSPX ACERCA DAS DECLARAÇÕES DO PAPA SOBRE O USO DO PRESERVATIVO

Nota sobre as declarações de Bento XVI sobre o uso do preservativo

11-29-2010

Em um livro-entrevista intitulado Luz do mundo, publicado em alemão e em italiano em 23 de novembro de 2010, Bento XVI admite, pela primeira vez, o uso do preservativo “em certos casos”, “para diminuir o risco de contágio” do vírus da AIDS. Estas afirmações errôneas precisam ser esclarecidas e corrigidas porque os seus efeitos desastrosos – que uma campanha midiática não deixou de explorar – causaram escândalo e indignação entre os fiéis.

1. O que Bento XVI disse

À pergunta “A Igreja católica não é fundamentalmente contra a utilização de preservativos?”, o Papa, conforme a versão original em alemão, responde: “Em certos casos, quando a intenção é de diminuir o risco de contágio, isso pode até mesmo ser um primeiro passo na direção de uma sexualidade mais humana, vivida de outra maneira”.

Para ilustrar as suas palavras, o Papa dá um único exemplo, o de um “homem prostituto”. Ele considera que, neste caso particular, isso pode representar “um primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade que permite voltar a tomar consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer”.

Trata-se, então, do caso de uma pessoa que, cometendo um ato contrário à natureza e por fins por fines corrompidos, teria a preocupação, ademais, de não contaminar mortalmente seu cliente.

2. O que Bento XVI quis dizer, segundo o seu porta-voz

As declarações do Papa foram recebidas pelos meios de comunicação e pelos movimentos ativistas em favor da contracepção como uma “revolução”, um “giro”, ou pelo menos uma “brecha” no constante ensinamento moral da Igreja sobre o uso dos meios contraceptivos. Por isso, o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, publicou uma nota explicativa em 21 de novembro onde se lê: “Bento XVI considera uma situação excepcional na qual o exercício da sexualidade representa um verdadeiro risco à vida de outrem. Nesse caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que o uso do preservativo a fim de diminuir o risco de contágio é ‘um primeiro ato de responsabilidade’, ‘um primeiro passo no caminho de uma sexualidade mais humana’, em lugar de não utilizá-lo, pondo em risco a vida da outra pessoa”.

Convém notar aqui, para ser exatos, que o Papa fala não só de um “primeiro ato de responsabilidade”, mas também de um “primeiro passo para uma moralização”. Nesse mesmo sentido, o Cardeal Georges Cottier, que foi teólogo da Casa Pontifícia sob João Paulo II e no começo do pontificado de Bento XVI, em uma entrevista à agência Apcom em 31 de janeiro de 2005 afirmou que “em situações particulares, e penso nos meios onde circula a droga ou onde há uma grande promiscuidade humana e muita miséria, como ocorre em algumas zonas da África e da Ásia, o uso do preservativo pode ser considerado legítimo”.

A legitimidade do uso do preservativo como um passo, em alguns casos, para uma moralização: eis o problema colocado pelas declarações do Papa em Luz do mundo.

3. O que Bento XVI não disse e que seus predecessores sempre disseram

“Nenhuma ‘indicação’ ou necessidade pode transformar uma ação intrinsecamente imoral em um ato moral e lícito” (Pio XII, Alocução às parteiras, 29 de outubro de 1951).

“Nenhuma razão, ainda que seja gravíssima, pode tornar conforme à natureza e honesto aquilo que intrinsecamente é contra a natureza” (Pio XI, Encíclica Casti Connubii).

Ora, a utilização de preservativos é contrária à natureza, uma vez que desvia o ato humano do seu fim natural. Portanto, sua utilização é sempre imoral.

À pergunta clara do jornalista “A Igreja católica não é fundamentalmente contra a utilização de preservativos?”, o Papa responde apelando a uma situação excepcional e não menciona que a Igreja sempre se opôs fundamentalmente à utilização de preservativos.

Que o uso do preservativo é uma ação intrinsecamente má e matéria de pecado mortal, é um ponto constante no ensinamento tradicional da Igreja, por exemplo, em Pio XI e em Pio XII, e mesmo no pensamento de Bento XVI, que responde ao jornalista que o interroga: “Obviamente a Igreja não considera que o preservativo seja uma solução real nem moral”; no entanto, o Papa admite “em certos casos”. Contudo, isto é inaceitável em termos da fé: “Nenhuma razão – ensina Pio XI em Casti Connubii (II, 2) –, sem dúvida, ainda que seja gravíssima, pode tornar conforme à natureza e honesto aquilo que intrinsecamente é contra a natureza”. Pio XII recorda em sua Alocução às parteiras de 29 de outubro de 1951: “Nenhuma ‘indicação’ ou necessidade pode transformar uma ação intrinsecamente imoral em um ato moral e lícito”. É o que São Paulo afirmava: “Não havemos de fazer o mal para que venham bens” (Rom. 3, 8).

Bento XVI parece abordar o caso deste prostituto segundo os princípios da “moral de gradualidade”, que permite que se cometam certos delitos menos graves em vistas a trazer progressivamente os autores de delitos extremos à inocuidade. É evidente que estes delitos menores não são bons; mas o fato de que se inscrevam no caminho para a virtude os tornaria lícitos. Ora, esta idéia é um grave erro porque um mal, por menor que seja, continua sendo um mal, independentemente do sinal de melhoria que indiquem. “Na verdade –afirma Paulo VI em Humanae vitae (nº 14)––, se é lícito algumas vezes tolerar o mal menor para evitar um mal maior, ou para promover um bem superior, nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal para que daí provenha o bem (cf. Rom. 3, 8 ), isto é, ter como objeto um ato positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado e, portanto, indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares ou sociais”.

Tolerar um mal menor não equivale a convertê-lo em “legítimo”, nem a inscrevê-lo em um processo de “moralização”. Em Humanae vitae (nº 14) se recorda que “é um erro, por conseguinte, pensar que um ato conjugal, tornado voluntariamente infecundo, e por isso intrinsecamente desonesto, possa ser coonestado pelo conjunto de uma vida conjugal fecunda”. No mesmo sentido, é preciso dizer que é um erro sugerir a idéia de que o preservativo, que em si mesmo é desonesta, possa ser coonestada pelo esperado encaminhamento esperado à virtude do prostituto que o utiliza.

À diferença de um tratamento que implicaria a passagem de um pecado “mais grave” a um pecado “menos grave”, o ensinamento do Evangelho, longe de dizer “Vai e peque menos”, afirma claramente “Vai e não peques mais” (Jo. 8, 11).

4. O que os católicos precisam escutar da boca do Papa

Não há dúvida de que um livro-entrevista não pode ser considerado um ato de magistério, com mais forte razão quando se desvia do que foi ensinado de maneira definitiva e invariável. Tampouco resta essa dúvida aos médicos e farmacêuticos, que valentemente se recusam a prescrever ou a vender preservativos e anticoncepcionais por fidelidade à fé e à moral católicas, e em geral, todas as famílias numerosas que aderem à Tradição têm necessidade de escutar que o ensinamento perene da Igreja não muda com o correr do tempo. Todos eles esperam que se recorde firmemente que a natureza humana, e a lei natural inscrita nela, é universal.

No livro Luz do mundo se encontra uma passagem que relativiza o ensinamento de Humanae vitae. Nele se designa os que seguem fielmente como “minorias profundamente convencidas”, que oferecem aos demais “um modelo fascinante a praticar”, como se a encíclica de Paulo VI estabelecesse um ideal praticamente impossível de alcançar, do qual já se tinha convencido a imensa maioria dos bispos, para justificar a colocação dessa doutrina debaixo do alqueire – isto é, precisamente ali onde Cristo nos proíbe colocar a “luz do mundo” (Mt. 5, 14).

Essa exigência evangélica estaria destinada, por desgraça, a tornar-se uma exceção que confirma a regra do mundo hedonista em que vivemos? Um mundo ao qual o católico não deve se conformar (cf. Rom. 12, 2), mas ao que deve transformar como “o fermento na massa” (cf. Mt. 13, 33) e ao qual deve dar o gosto da Sabedoria divina como “o sal da terra” (Mt. 5, 13).


Menzingen, 26 de novembro de 2010

http://www.dici.org/en/news/nota-sobre-as-declaracoes-de-bento-xvi-sobre-o-uso-do-preservativo/

Blogger's comment:

My opinion on the condom debate is that the condom usage is a public health matter. It has been recommended by public health authorities as a means aimed at preventing the contamination by HIV and other sexually-related diseases and also birth control. If public health authorities conclude that it is effective for both scopes and that the AIDS epidemics can only be stopped by the promotion of its usage I cannot understand why the Catholic Church should interfere in an issue that is the competence of the civil powers and that regarding Moral Theology can be considered as "innocuous". Why "innocuous"? Because the "evilness" is not in the condom usage itself but rather in the underlying behaviour. Therefore it is not up to the Catholic Church to condemn or criticise an "innocuous" device aimed at stopping an epidemics but concentrate itself in the promotion of orthodox moral behaviours. If non believers refuse to adhere to the moral principles taught by the Catholic Church and thus opt for plunging into sin and depravity it will be their problem. In that particular case if they choose to use the condom... yes it is a rather less evil because despite the sinfulness of their acts they avoid a greater evil - the contamination of their sexual partners. Concluding: Condom usage has not to do with the Catholic moral principles in themselves; it is the underlying behaviour that has. Regarding this latter aspect... yes it is up to the Catholic Church (and other churches) to make a point.
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DOM WILLIAMSON FALA SOBRE O NOVO ANO

PENSAMENTO O IMPENSÁVEL

ELEISON COMMENTS CLXXXI (01 de janeiro de 2011)

É difícil não imaginar que 2011 será um ano muito importante. O mundo jaz nas trevas da mente e na corrupção da vontade. A Igreja, que deveria ser “luz do mundo” para a mente e “sal da terra” contra a corrupção da vontade, está em eclipse. Ela ainda está lá, mas a sua luz e o seu calor, por culpa dos homens, já mal os atinge.

Sendo assim, os problemas do mundo deverão se abater sobre nós. Haverá, neste ano ou nos próximos, uma mudança radical inimaginável nas relações humanas. As leis inexoráveis da realidade estão prestes a virar a economia mundial de cabeça para baixo, mesmo que a maioria dos “economistas”, idiotas profissionais, ainda estejam vendendo sonhos. Para ajudar os pais de família, em especial, a pensarem com uma nova perspectiva, deixem-me citar alguns conselhos práticos de um escritor e palestrante que não perdeu a noção da realidade: Gerald Celente, de Nova York (trendsresearch.com) : –

“Somos solicitados continuamente a fornecer orientações específicas focadas em tendências de mercado sobre o que fazer para enfrentar as tempestades financeiras… Não há soluções simples ou gerais. Cada situação é diferente. Se você é um desempregado na zona rural, você terá um conjunto diferente de possibilidades e um conjunto diferente de problemas em relação às pessoas das cidades ou dos subúrbios.

“O elemento-chave a ser entendido é que esta vai ser uma longa caminhada. Estamos num tempo de contração, num tempo para conservação e preservação. Globalmente, haverá menos renda disponível, e menos dólares para gastar com supérfluos. O que era considerado “essencial” quando o dinheiro era abundante se tornará “frivolidade” quando as fontes secarem.

“Se, ao procurar trabalho, o seu bom senso lhe diz que seu antigo emprego já não é mais uma opção (agente imobiliário, corretor de hipoteca, construtor, varejista, vendedor de veículos, etc), agora pode ser o tempo, de viver seu sonho. O que você sempre quis fazer? Você já descobriu talentos e habilidades que o diferenciam dos outros? Procure sistematicamente o que você mais gosta de fazer e quais são as chances de ganhar a vida com isso. Isso é um ponto de partida. Se o único trabalho que você pode encontrar é um trabalho braçal, seja o melhor nele. Faça-o com criatividade e sem ressentimento, e possibilidades melhores surgirão. Se você faz o que ama, você nunca terá que “trabalhar”. Uma definição de felicidade poderia ser: “Quando você acorda de manhã e o que você tem a fazer é o que você escolheria fazer”.

“Avalie sua situação pessoal. Observe as pessoas de mente parecida, em situações semelhantes com habilidades complementares. Há força na quantidade. Um grupo com um objetivo pode iniciar algo que seria impensável e impraticável para um indivíduo.”

Os sublinhados são meus. Ficarei feliz em estar errado, mas acho que a prioridade em breve será a sobrevivência. Gerald Celente nos dá algumas linhas de pensamento. Reze, é claro, isso é essencial, mas continue sempre se esforçando.

Envio a todos os leitores a minha benção para o Novo Ano.

Kyrie eleison.


DOM WILLIAMSON FALA SOBRE ASSIS



Eleison Comments

ASSIS-ISMO NÃO!
ELEISON COMMENTS CLXXXII (08 de janeiro de 2011)

Algumas pessoas ainda tem medo de que a Fraternidade de São Pio X de Dom Lefebvre esteja a caminho de um mau acordo com a Roma de Bento XVI, mas devido ao Assis-ismo do papa, entre outras coisas, pode-se dizer que Bento XVI está fazendo o seu melhor para evitar tal fato.

Seis dias atrás, ele argumentou em teoria que as “grandes religiões” do mundo podem constituir “um importante fator para a paz e a unidade da humanidade”. Cinco dias atrás, ele anunciou, na prática, que em outubro deste ano vai “como um peregrino” a Assis para comemorar o 25º aniversário da Reunião de Oração das Religiões do Mundo realizada pelo Papa João Paulo II, em 1986. Mas a teoria de todas as “grandes religiões do mundo” contribuírem para a paz no mundo foi absolutamente rejeitada por Dom Lefebvre e a prática da Reunião de Oração de Assis em 1986 foi por ele condenada como uma violação flagrante do Primeiro Mandamento, que, vinda do Vigário de Cristo, constituía um escândalo inédito em toda a história da Igreja. Só o medo do excesso de repetição vir a ser contra-produtivo pode tê-lo impedido de criticar com maior severidade este último pedaço de Assis-ismo.

No entanto, Dom Lefebvre reconheceu que pouquíssimos católicos de sua época compreenderam a gravidade do escândalo. Isso porque todo o mundo moderno marginaliza Deus, põe em aspas a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, torna a religião uma questão de livre arbítrio e transforma a Tradição Católica em uma mera questão de sensibilidade ou sentimento. Contaminando até os Papas, esta maneira de pensar tornou-se tão normal em torno de nós que nós mesmos estamos ameaçados. Voltemos ao básico:

Todos os seres exigem uma Causa Primeira. Essa Causa, para ser Primeira, deve ser o próprio Ser, que deve ter todas as perfeições, porque qualquer outro deus, diferente do primeiro, teria que ter alguma perfeição que falta ao Primeiro. Portanto, o verdadeiro Deus só pode ser um. Este único Deus verdadeiro tomou a natureza humana uma vez, e apenas uma vez, na Pessoa divina de Nosso Senhor Jesus Cristo, que provou sua divindade por uma quantidade e qualidade de milagres que jamais acompanharam a nenhum outro homem, mas que tem acompanhado a sua Igreja desde então: a Igreja Católica Romana. Entra-se nessa Igreja pela fé, e Ela está aberta a todos os homens. Se eles acreditam, isso é um indispensável início de sua salvação eterna. Se eles se recusam a acreditar, eles estão em seu caminho para a condenação eterna (Mc. XVI, 16).

Portanto, se, pelos encontros passados e futuros de Assis, os papas João Paulo II e Bento XVI incentivam as almas a pensar que o catolicismo não é o único caminho para uma eternidade feliz, mas apenas um entre muitos outros promotores (ainda que seja o melhor) de “paz e unidade” para a humanidade nesta vida, segue-se que ambos os Papas facilitaram a terrível perdição de incontáveis almas na próxima vida. Antes de ter qualquer parte em tamanha traição, Dom Lefebvre preferiu ser desprezado, rejeitado, ridicularizado, marginalizado, silenciado, “excomungado”, e assim por diante.

Há um preço a ser pago por ater-se à Verdade. Quantos católicos estão dispostos a pagá-lo?

Kyrie eleison.


VIDEO DE DOM WILLIAMSON



http://www.youtube.com/watch?v=n3tzpBxR23o