Celebração da missa do 13 de Maio em Fátima
Fotografia © António Gomes Global Imagens
Por Paula Carmo
O fenómeno é explicado por meteorologistas
mas os fiéis acreditam em mão divina."Olhei para o sol e vi. Foi bom, significa muita coisa e é um sinal", diz
Palmira Dias, enquanto enxuga o suor do rosto. Esta peregrina de Ovar, 67 anos,
que se deslocou ontem ao santuário de Fátima "para renovar a fé"assistiu, tal
como a multidão a perder de vista naquele recinto da Cova de Iria, ao fenómeno
do sol que a muitos comove.
A auréola em volta do sol, mais ténue do que no ano passado, também deixou
marcas em Olinda Vieira, a costureira da Póvoa de Lanhoso que até já aguardava,
olhos fixos no céu, por este momento. "Foi menos luminoso do que o ano passado,
mas, mesmo assim tem grande impacto", enfatiza ao DN. A ciência meteorológica
explica o fenómeno como uma refração dos raios solares em partículas de gelo das
nuvens. Certo é que a emoção dos peregrinos acompanha-os até casa no regresso de
mais uma peregrinação internacional aniversária, dos dias 12 e 13 de Maio.
As celebrações, que mobilizou 149 profisisonais da comunicação social de 11
países, mobilizaram "mais de 300 mil peregrinos", segundo a GNR. Uma enchente,
que se traduz, por exemplo, em mais de 31 toneladas de velas queimadas. Estes
números oficiais, fornecidos pelo santuário, dizem respeito ao líquido de cera
que saiu do tocheiro (local onde se colocam as velas a arder) desde o início
oficial da peregrinação até ao meio-dia de ontem. O normal, no período homólogo,
é de 15 toneladas.
A missa que encerrou as celebrações contou com a presença de 265 padres, 22
bispos e foi presidida pelo cardeal italiano Gianfranco Ravasi. O presidente do
Conselho Pontifício para a Cultura, na homilia, exortou os católicos para que se
passe das palavras aos atos a fim de ajudar os mais pobres. "Não dcevemos ter
medo de sujar as mãos, ajudando os miseráveis da terra: para que servirá ter as
mãos limpas, se as temos no bolso?".
O cardeal foi aplaudido pela impressionante moldura humana duas vezes: quando
lembrou palavras da Irmã Lúcia e quando assumiu que, chegado a Roma, olhando
para a sua janela "que dá para a basílica e a cúpula de São Pedro e para a
residência do Papa Bento XVI, do qual sou colaborador, confiarei a Deus o nosso
encontro".
Na mensagem final, o bispo da diocese de Leiria-Fátima, António Marto,
destacou a "multidão imensa" no recinto, numa "policromia verdadeiramente
admirável e emocionante". As cerimónias terminaram com a tradicional procissão do adeus, momento em que
a imagem da Virgem de Fátima saiu do altar no andor enfeitado com rosas brancas
para a Capelinha das Aparições. Milhares de peregrinos acenaram com lenços
brancos. Aguentaram horas a fio o calor, ficando num impressionante silêncio a
escutar a eucaristia.
Tamanha afluência provocou, logo a seguir às 13.00, hora do fim da missa, uma
corrida aos parques de estacionamento e ao gigantesco parque de campismo
improvisado em redor do recinto da Cova de Iria. A partir das 16.00 horas, a
maioria dos autocarros começavam a abandonar o recinto. Na A1, sobretudo no
sentido sul/norte, formaram-se filas compactas de veículos.