Investigação: Alegada violação de normativa europeia
Banco do Vaticano está sob suspeita
O Instituto para as Obras Religiosas, mais conhecido como Banco do Vaticano, volta a estar sob suspeita, com o seu presidente, Ettore Gotti Tedeschi, e o director-geral, Paolo Cipriani, a serem investigados pelo Ministério Público de Roma por alegada violação de uma normativa europeia adoptada em 2007 para evitar lavagem de dinheiro.
Numa medida preventiva enquanto decorre a investigação, a magistrada Maria Teresa Covatta, a pedido dos procuradores públicos Nello Rossi e Stefano Rocco Fava, mandou congelar 23 milhões de euros depositados no Banco do Vaticano. Segundo os investigadores, o Instituto para as Obras Religiosas pretendia transferir 20 milhões de euros da conta que foi congelada para a sucursal de Frankfurt, Alemanha, do banco norte-americano JP Morgan, e mais três milhões de euros para o Banco del Fucino, sem comunicar às autoridades italianas os nomes dos clientes, como exige na Itália o artigo 55 do decreto 231, que faz eco da normativa europeia.
Foi esta omissão – punida com uma pena até três anos de prisão e uma multa que pode atingir os 50 mil euros – que colocou Tedeschi e Cipriani sob investigação.
Esta não é a primeira vez que o Banco do Vaticano está sob suspeita. Em 1982, esteve envolvido na declaração fraudulenta da bancarrota do Banco Ambrosiano e em 2009 o jornalista Gianluigi Nuzzi denunciou no seu livro ‘Vaticano S.A.’ que o banco lavava dinheiro da máfia.
SANTA SÉ "ESTUPEFACTA"
A Santa Sé não tardou a reagir à investigação iniciada pelo Ministério Público de Roma ao presidente e ao director-geral do Instituto das Obras Religiosas (IOR), manifestando a sua "perplexidade e estupefacção" pela iniciativa e sublinhando que mantém a máxima confiança naqueles dois responsáveis da instituição. "É conhecida a nossa clara vontade de actuar com plena transparência no que respeita às actuações financeiras do IOR. Tal implica o cumprimento de todos os trâmites destinados a prevenir o terrorismo e a lavagem de capitais", afirma num comunicado, no qual adianta que os dados informativos necessários sobre a operação em causa estão já disponíveis no departamento do Banco da Itália competente para os receber.
CORREIO DA MANHÃ 22-09-2010
Por:Sabrina Hassanali com agências