Violação de nova lei contra lavagem de dinheiro
O presidente do banco do Vaticano IOR (Instituto das Obras Religiosas), Ettore Gotti Tedeschi, está a ser investigado pelo Ministério Público de Roma por violação de uma nova lei contra a lavagem de dinheiro.
A investigação, que também envolve um outro responsável do IOR, já levou ao congelamento preventivo pela polícia financeira de 23 milhões de euros do IOR depositados num outro banco, precisou a agência italiana ANSA citando fontes judiciais.
Os dois homens são suspeitos de não terem respeitado uma clausula de uma nova legislação italiana anti-branqueamento de 2007 que tornou obrigatória a menção do mandatário de qualquer operação financeira bem como o objectivo e a natureza da mesma.
Em Junho, o jornal ‘La Repubblica’ tinha afirmado que o banco era suspeito de estar envolvido em operações de branqueamento de dinheiro e que uma investigação tinha sido aberta pelo ministério público de Roma.
O IOR - que gere as contas das ordens religiosas e de associações católicas - é uma estrutura que beneficia da extra-territorialidade concedida ao Estado pontifical e por isso não tem de respeitar as normas financeiras em vigor para os estabelecimentos italianos.
Segundo o ‘La Repubblica’, a justiça tinha descoberto que o banco geria contas em estabelecimentos italianos sem nome de titular e que eram identificadas apenas com a sigla IOR.
Por uma das contas, descoberta em 2004, transitaram "cerca de 180 milhões de euros" em dois anos, referia o jornal.
"A hipótese dos investigadores é que pessoas com residência fiscal em Itália utilizam o IOR como ‘guarda-chuva’ para esconder diferentes delitos, como a fraude ou a evasão fiscal", precisava o jornal.
Há cerca de um ano, o IOR mudou de patrão com a nomeação para o posto de presidente de Etorre Gotti Tedeschi, representante em Itália do grupo espanhol Santander, para substituir Ângelo Caloia, Segundo os media, Tedeschi, especialista de ética da finanças, foi escolhido para repor a ordem das contas do IOR.
O Instituto ocupou as primeiras páginas dos jornais com a falência em 1981 do banco italiano privado Banco Ambrosiano, do qual o IOR era o principal acionista.
CORREIO DA MANHÃ 21-09-2010