Sunday, 19 December 2010

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

COMO FAZER UMA CONFISSÃO BEM FEITA

1. Exame de consciência

(Proposta de Exame de Consciência aqui)

Trata-se de uma diligente investigação dos pecados que se cometeram, desde a última confissão bem feita. É feito trazendo à memória, na presença de Deus, todos os pecados ainda não confessados, cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões contra os Mandamentos de Deus e da Igreja, e contra as obrigações do próprio estado. Devemos examinar-nos também sobre os maus hábitos, sobre as ocasiões de pecado e sobre o número dos pecados mortais.

Para que um pecado seja mortal são necessárias três coisas:

- matéria grave: quando se trata de uma coisa notavelmente contrária à Lei de Deus e da Igreja;

- plena advertência: quando se conhece perfeitamente que se faz um mal grave;

- consentimento perfeito da vontade: quando se quer fazer deliberadamente uma coisa, embora se reconheça que é culpável;

Deve-se empregar no exame de consciência mais ou menos tempo de acordo com a necessidade, isto é, conforme o número e a qualidade dos pecados que sobrecarregam a consciência e conforme o tempo decorrido desde a última confissão bem feita. Facilita-se o exame para a confissão fazendo-se todas as noites o exame de consciência sobre as acções do dia.

2. Acusação dos pecados ao confessor

“Quando alguém confessa, sinceramente, seus pecados ao sacerdote, estando arrependido de os haver cometido, tendo ao mesmo tempo o propósito de não tornar a cometê-los, todos os seus pecados lhe são plenamente perdoados, em virtude do poder das chaves, ainda que a dor de sua contrição, de per si, não seja suficiente para impetrar a remissão dos pecados” (Catecismo Romano).

Depois de feito o exame de consciência, com a dor e o propósito, devemos ir ao confessor para acusar os pecados e receber a absolvição.

Somos obrigados a confessar-nos de todos os pecados mortais. É bom, porém, confessar também os veniais. As qualidades principais que deve ter a acusação dos pecados são cinco:

- humilde:

devemos acusar diante do confessor sem altivez de ânimo ou de palavras, mas com sentimentos de um réu que reconhece a sua culpa e comparece diante do juiz.

- íntegra:

devemos confessar, com as suas circunstâncias e seu número, todos os pecados mortais cometidos desde a última confissão bem feita, e dos quais se tem consciência;

- sincera:

devemos declarar os pecados como eles são, sem os desculpar, sem os diminuir e sem os aumentar;
- prudente:

devemos servir-nos dos termos mais modestos e devemos guardar-nos de descobrir os pecados alheios;

- breve:

não devemos falar de coisas inúteis ao confessor;

Para que a acusação seja íntegra devemos acusar as circunstâncias que mudam a espécie do pecado. As circunstâncias que mudam a espécie de pecado são:

aquelas pelas quais uma acção pecaminosa de venial se torna mortal;

aquelas pelas quais uma acção pecaminosa contém a malícia de dois ou mais pecados mortais;

Quem, para se desculpar, dissesse uma mentira do qual resultasse dano grave para o próximo, deveria manifestar esta circunstância, que muda a mentira, de oficiosa em gravemente nociva.

Quem tivesse roubado uma coisa sagrada, deveria acusar esta circunstância, que acrescenta ao furto a malícia do sacrilégio.

Quem não tiver a certeza de ter cometido um pecado, não é obrigado a confessá-lo. Se, porém o quiser acusar, deverá acrescentar que não tem a certeza de o ter cometido.

Quem não se lembra exactamente do número dos seus pecados, deve acusar o número aproximado.

Quem deixou de confessar por esquecimento um pecado mortal ou uma circunstância necessária, fez uma boa confissão, contanto que tenha empregado a devida diligência no exame de consciência. Se um pecado mortal esquecido na confissão volta depois à lembrança somos obrigados a acusá-lo na primeira vez que de novo nos confessarmos.

Quem, por vergonha ou por qualquer outro motivo culpável, cala voluntariamente algum pecado mortal na confissão, profana o Sacramento e por isso torna-se réu de gravíssimo sacrilégio.

Quem ocultou culpavelmente algum pecado mortal na confissão, deve expor ao confessor o pecado ocultado, dizer em quantas confissões o ocultou e repetir todas as confissões desde a última bem feita.

Quem se vir tentado a calar um pecado grave na confissão deve considerar:
que não teve vergonha de pecar na presença de Deus, que vê tudo;

que é melhor manifestar os próprios pecados ao confessor em segredo do que viver inquieto no pecado, ter uma morte infeliz e ser por isso envergonhado no dia do Juízo universal, em face do mundo inteiro;

que o confessor é obrigado ao sigilo sacramental, sob pecado gravíssimo, e com a ameaça de severíssimas penas temporais e eternas;

A Igreja manda que os fiéis devem confessar seus pecados ao menos uma vez cada ano.

3. Dor ou arrependimento

Trata-se de um desgosto e de uma detestação sincera da ofensa feita a Deus. Pode ser de duas espécies: perfeita ou de contrição; imperfeita ou de atrição.

- contrição:

é o desgosto de ter ofendido a Deus porque Deus é infinitamente bom e digno, por Si mesmo, de ser amado sobre todas as coisas; é chamada perfeita porque se refere exclusivamente à bondade de Deus, e não ao nosso proveito ou prejuízo, e porque nos faz alcançar imediatamente o perdão dos pecados, ficando-nos porém a obrigação de nos confessarmos;

A dor perfeita não nos alcança o perdão dos pecados independentemente da confissão porque sempre inclui a vontade de se confessar. Ela produz o estado de graça porque procede da caridade, a qual não pode encontrar-se na alma juntamente com o pecado mortal.

- atrição:

é o desgosto de ter ofendido a Deus como nosso supremo Juiz, isto é, por temor dos castigos que merecemos e nos esperam nesta ou na outra vida, ou pela própria fealdade do pecado;

Trata-se de uma vontade determinada de nunca mais cometer o pecado, e de empregar todos os meios necessários para o evitar. Esta resolução deve ter três condições: deve ser absoluta, universal e eficaz.

4. Firme propósito de emenda

- absoluto:

deve ser sem condição alguma de tempo, de lugar ou de pessoa;

- universal:

devemos ter a vontade de evitar todos os pecados mortais, tanto os que já tenhamos cometido no passado como os que poderíamos cometer ainda;

- eficaz:

devemos ter uma vontade decidida de perder todas as coisas antes que cometer um novo pecado, de fugir das ocasiões perigosas de pecar, de destruir os maus hábitos, e de satisfazer a todas as obrigações lícitas contraídas em consequências dos nossos pecados;

Por mau hábito se entende a disposição adquirida para cair com facilidade naqueles pecados aos quais nos acostumamos. Para corrigi-los devemos vigiar sobre nós mesmos, rezar muito, confessar-nos com freqüência, ter um bom diretor espiritual e seguir suas orientações.

Por ocasiões perigosas de pecar se entendem todas aquelas circunstâncias de tempo, de lugar, de pessoas ou de coisas, que, pela sua própria natureza ou pela nossa fragilidade, nos induzem a cometer o pecado. Somos gravemente obrigados a evitar as ocasiões perigosas que de ordinário nos levam a cometer o pecado mortal, e que se chamam ocasiões próximas de pecado.

Para se fazer o propósito nos ajudam as mesmas considerações que servem para excitar a dor (consideração dos motivos que temos para temer a justiça de Deus e para amar a sua infinita bondade).

"Vai em paz e não voltes a pecar.", diz-nos Jesus.

5. Cumprir a Penitência imposta pelo confessor.

Pode traduzir-se em orações, prática de boas obras, jejuns... Cumprir esta penitência imposta pelo confessor é importante para que o Sacramento seja recebido com todas as graças sobrenaturais que ele encerra.


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VILA REAL (PORTUGAL): "CÂMARA AMIGA" APOIA FAMÍLIAS CARENCIADAS


Pobreza: Câmara distribuiu durante o ano cabazes alimentares por mais de 770 famílias carenciadas

“Não tinha leite para a bebé”

O desespero tomou conta de Sandra Infante, de 22 anos, quando numa sexta-feira à noite se viu sem dinheiro para comprar leite para a filha bebé, de apenas dois meses.

Angustiada, ligou para a Câmara Amiga, associação criada pela autarquia de Vila Real, e em poucas horas conseguiu alimentar a pequena Ana Isabel. Sandra é apenas uma das mais de 770 famílias que durante todo o ano, e em especial no Natal, a Câmara apoia. A pobreza tem aumentado, principalmente no centro da cidade.

"Esperava que o meu companheiro recebesse naquele dia, mas o patrão não pagou. Fiquei desesperada, mas em poucas horas recebi o leite em casa", conta a jovem, emocionada.

O Natal de Sandra e da sua família será este ano muito mais triste. A viver em Vila Real há mais de dois anos, a família está sem rendimentos. O companheiro de Sandra ainda não conseguiu arranjar um emprego estável e a jovem aguarda por uma vaga para colocar a filha na creche, de forma a poder também procurar trabalho. "O Natal vai ser muito triste. Vamos passar com a ajuda da Câmara e dos meus pais. O que vale é que ela ainda é bebé e não entende", explica Sandra.

Desde Janeiro, a Câmara de Vila Real já recebeu 129 novos pedidos de ajuda. Há também cada vez mais pessoas a pedir habitação social, devido aos despejos. "O casal perde o emprego e depois é uma bola de neve. Ficam sem dinheiro para a alimentação, para pagar a roupa, as contas, e deixam de pagar os empréstimos", conta Maria Dolores Monteiro, vereadora da Educação da Câmara de Vila Real.

Este é o caso de Paula Sá. A cargo com três filhos, de 18 meses e 8 e 9 anos, viu a sua empresa falir e o marido, que também perdeu o trabalho, não ter direito ao subsídio de desemprego. Sentia vergonha de pedir ajuda, mas o desespero falou mais alto. "Tinha vergonha, pois nunca tivemos dificuldades financeiras. Mas tínhamos de ir buscar ajuda a algum lado, não tínhamos como sobreviver. Com a altura do Natal sentimo-nos ainda pior. Não temos dinheiro para pagar a prestação da casa, quanto mais para prendas."

UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE CHEGA ÀS ALDEIAS

A Câmara de Vila Real dispõe também de uma unidade móvel de saúde, que várias vezes por mês se desloca às aldeias mais isoladas para prestar todos os cuidados de saúde à população. Exames à diabetes e à tensão arterial são algumas das valências. Em breve, a unidade vai também dispor de um serviço de ginecologia e começar a realizar electrocardiogramas. "Tentamos dar melhores cuidados de saúde à população", refere a vereadora da educação.

ASSOCIAÇÃO RECEBE TONELADAS DE COMIDA

Na última recolha, realizada há algumas semanas, a Câmara Amiga angariou 16,5 toneladas de alimentos. A associação ficou muito satisfeita com os resultados e com o facto de poder ajudar muitas famílias neste Natal.

"Foi um sucesso, os armazéns estavam a ficar vazios, mas conseguimos muita comida. É muito bom, porque em especial nesta altura do Natal as pessoas pedem muita ajuda", conta Ana Vilaverde, chefe da divisão de Acção Social e Saúde da Câmara Municipal de Vila Real.

No início do mês, a associação iniciou uma nova iniciativa, "o apadrinhamento". Uma família decidiu ajudar um casal mais carenciado, doando todos os meses carne e peixe, produtos que por se estragarem facilmente não estão incluídos nos cabazes. "Os padrinhos doam esses alimentos uma vez por mês, quando as famílias precisam", rematou Ana Vilaverde.

MAIORIA DOS PEDIDOS CHEGA DO CENTRO DA CIDADE

A maioria dos pedidos à Câmara Amiga chega do centro da cidade. Só na maior freguesia de Vila Real, Nossa Senhora da Conceição, 195 famílias estão a cargo das técnicas da instituição. "Nas aldeias, as casas são mais baratas, e as pessoas têm sempre uma pequena horta onde arranjam alguns alimentos. Já na cidade, as pessoas não têm como subsistir sem o dinheiro", explicou Ana Vilaverde. Nas aldeias, os casos sinalizados pela Câmara estão mais relacionados com idosos que vivem sozinhos. Para combater estes casos, a autarquia dispõe de um cartão de idoso que proporciona aos mais carenciados descontos na água, nos transportes e na compra de medicamentos. Para além disso, os idosos recebem ainda assistência em casa.

DISCURSO DIRECTO

"PROCURAM ALIMENTOS": M.ª Dolores Monteiro, Vereadora Educação Vila Real

Correio da Manhã – Quando e porquê foi inaugurada a Câmara Amiga?

M.ª Dolores Monteiro – A associação surgiu em 2006, mas só em 2007 tivemos todas as valências activas. Surgiu para apoiar mais rapidamente as famílias carenciadas.

– O que é que as famílias têm de fazer para receber apoio?

–Têm de se sujeitar a um relatório social para perceber quais as suas verdadeiras necessidades. Os mais carenciados procuram roupa, alimentos e mobiliário.

– Há vergonha em pedir ajuda?

– Há muitas pessoas que não querem que se leve os cabazes a casa pois temem que os vizinhos vejam.

 Por:Ana Isabel Fonseca

CORREIO DA MANHÃ 19-12-2010