Sunday, 12 September 2010

EX-SEMINARISTA SEROPOSITIVO PROCESSA IGREJA

Clipping AIDS


30/03/09, às 09h35m (GMT -03;00)
Ex-seminarista soropositivo processa Igreja Católica

Claudemir Galhardi acusa padre de romper sigilo de confissão e pede indenização da diocese de Rio Preto

O Estado de S. Paulo
Chico Siqueira



O ex-seminarista Claudemir Antonio Galhardi, de 40 anos, está processando a Igreja Católica, que ele acusa de ter quebrado o sigilo de confissão. O padre, o bispo e o reitor do seminário teriam tornado pública sua condição de portador do vírus da AIDS, motivo pelo qual, a Igreja também teria negado sua ordenação sacerdotal.

A ação de danos morais, movida contra a diocese de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, exige o pagamento de uma indenização e corre em segredo de Justiça. Na audiência de instrução realizada na noite de quinta-feira, no Fórum de Rio Preto, o juiz da 5ª Vara Cível, Lincoln Augusto Casconi, indeferiu o pedido. A defesa vai agora recorrer ao Tribunal de Justiça.

Segundo Galhardi, sua condição de SOROPOSITIVO foi revelada em confissão sacramental em 1998. Mas o padre que ouviu a confissão teria quebrado o sigilo e repassado a informação ao bispo, ao reitor do seminário e às diretorias de paroquianos, formadas por pessoas da sociedade. Elas, por sua vez, teriam espalharam entre fiéis que o então seminarista tinha AIDS.

"O reitor revelou para os seminaristas, que fizeram boicote para me expulsar do seminário", diz Galhardi. "Na rua ouvi frases como ?lá vai o aidético que queria ser padre?." O ex-seminarista ainda acusa o reitor do seminário de Rio Preto de dizer que ele não seria ordenado porque era portador do vírus. "Você seria um excelente sacerdote, não fosse sua doença", teria dito o reitor.

Galhardi acabou sendo transferido para outro seminário, em São João da Boa Vista. Lá obteve um plano de saúde pago pela Igreja. Após a conclusão do curso, em 2000, o plano foi cortado. Ele não obteve a ordenação sacerdotal. Hoje Galhardi trabalha em um hotel.

"O juiz julgou como se fosse uma ação trabalhista e não é esse o caso. A ação é porque a Igreja quebrou uma regra prevista no direito canônico, que é o segredo de confissão, e tornou pública a condição do meu cliente, o que impediu sua ordenação", diz a advogada de Galhardi, Miryam Baliberdin.

O advogado Flávio Thomé, autorizado pela Igreja a falar sobre o caso, disse que "a diocese entende que o autor tem o direito de processar quem ele quiser, mas deve apresentar provas" e a Igreja tem o direito de ordenar quem quiser. "É um direito soberano do bispo, particular da Igreja. A diocese ainda o transferiu para outro seminário, mas nunca prometeu que o ordenaria."

"Além disso, o reitor do seminário nunca o discriminou, em nenhum momento disse que ele não servia porque era SOROPOSITIVO", afirma. O advogado diz ainda que o padre não ouviu Galhardi em confissão. "Havia notícias de sua condição de SOROPOSITIVO, pois ele já havia revelado para outras pessoas que era portador do vírus da AIDS." O juiz Lincoln Casconi disse que não poderia falar sobre o assunto por causa do segredo de Justiça. "O que tenho a dizer é o que está na minha decisão."

ACUSAÇÃO E DEFESA

Claudemir Galhardi

Ex-seminarista que é portador do vírus da AIDS

"O reitor revelou para os seminaristas, que fizeram boicote para me expulsar do seminário. Na rua ouvi frases como ?lá vai o aidético que queria ser padre?. O reitor me disse: ?Você seria um excelente sacerdote, não fosse sua doença.?"

Flávio Thomé

Advogado e porta-voz da diocese de Rio Preto

"O que aconteceu foi que ele tentou ser ordenado e depois de anos sem conseguir a ordenação, relacionou um fato com outro e trouxe interiormente para si essa relação de fatos, decidindo

por fim acionar quem ele achou ser culpado por tudo."


http://www.gestospe.org.br/web

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